“Ide por todo o mundo e pregai o Evangelho a toda criatura”, foi o disse Nosso Senhor Jesus Cristo aos seus apóstolos. (Mt 16, 15)
Foram essas palavras que inflamaram o coração de centenas de Santos e os fizeram anunciar o Evangelho em todos os continentes — no Oriente Médio, em Roma, na região da Inglaterra, na África, nas Américas e no Extremo Oriente.
Hoje um novo continente também espera a mensagem do Evangelho: a internet, chamada por Bento XVI de “continente digital”.
Os desafios que nos cercam hoje possuem alguma similaridade com aqueles enfrentados pelos nossos antepassados.
Estamos num ambiente muitas vezes hostil às nossas palavras ou que muitas vezes nunca ouviu falar aquilo que temos a dizer.
Assim como as caravelas levaram os jesuítas aos quatro cantos do mundo, a Internet é também o nosso veículo para encontrarmos aqueles que não possuem Fé ou que nunca ouviram o Evangelho.
Mas para que esse contato seja eficaz, é preciso que comuniquemos o Evangelho na mesma língua desses povos. Assim como São José de Anchieta aprendeu o Tupi Guarani para Evangelizar os índios do Brasil, também nós precisamos ser fluentes no idioma digital para conseguir evangelizar esse gigantesco continente.
A internet e as mídias sociais possuem um funcionamento próprio. Esses sites e plataformas possuem uma característica em comum: o conteúdo é 100% criado e postado pelos próprios usuários.
E, como forma de identificar o que é relevante ou não, esses sites contam de que forma cada uma das postagens engaja com os demais usuários. Ou seja, uma postagem que teve mais curtidas, comentários ou compartilhamentos é vista pelos sites como uma postagem mais relevante.
E, na expectativa que essa postagem seja relevante para mais pessoas, são essas postagens com mais engajamento que acabam tendo preferência na distribuição orgânica (sem custos) feita pelas próprias plataformas.
Quanto mais engajamento, mais relevância.
Quanto mais relevância, maior a distribuição orgânica.
Dito isso, a internet não pode ser apenas um pensamento de última hora na comunicação das paróquias.
É preciso que haja estratégia e que esses esforços sejam planejados, ou corremos o risco de perder tempo e não atingir nenhum resultado.
Aqui vão algumas práticas para adequar a nossa mensagem ao idioma do “continente digital”:
Frequência cria autoridade
Nas mídias sociais, possui mais autoridade aquele que fala (com propriedade) sobre um determinado assunto por mais tempo.
Diplomas e reconhecimentos no “mundo real” possuem um peso muito menor na internet.
Se quisermos ser vistos como autoridades no que estamos pregando, precisamos de um esforço diário para aparecer nas redes — ou seremos sempre uma figura desconhecida entre os que estão próximos de nós.
Adequação da mensagem ao meio
O meio pelo qual nos comunicamos determina o teor da mensagem que será comunicada.
Por exemplo: no Instagram existe a possibilidade de compartilhar fotos, naquilo que é chamado de Feed.
Um erro bastante comum é criar e compartilhar uma imagem com muito texto e que contenha todas as informações necessárias.
O grande problema é que, para quem recebe essa imagem, a primeira reação será de cansaço, seguida por indiferença. Uma imagem não é o lugar adequado para escrever muito texto — justamente por isso embaixo de cada imagem há um espaço para escrever uma legenda.
Se quisermos uma comunicação efetiva, precisamos cuidar sempre para que a mensagem esteja adequada ao meio.
Ou estaremos falando português para quem apenas entende Tupi Guarani.
Comunicar-se por vídeos
As grandes plataformas modernas dão preferência aos conteúdos em vídeo, justamente porque são os que possuem maior engajamento.
As homilias dominicais podem se transformar em vídeos para o YouTube, uma parte do dia do Padre pode ser transmitida em vídeos curtos para os Stories do Instagram.
Vídeos frequentes reforçam a autoridade e, quando feitos com naturalidade, sem seguir um script, aumentam a identificação e a conexão entre quem o faz e quem o assiste — e uma pessoa nesse estado estará muito mais disposta a ouvir o que você tem a dizer.
Essas são pequenas medidas que podem potencializar os nossos esforços de comunicação.
Não podemos nos esquecer, contudo, que o trabalho na internet precisa sempre ser seguido e acompanhado por um trabalho real de comunidade.
Nada poderá substituir a comunhão entre pessoas reais, mas não podemos deixar de aproveitar as oportunidades que a internet nos apresenta.
“Todos os instrumentos são importantes, e aquele grande comunicador que se chamava Paulo de Tarso ter-se-ia certamente servido do e-mail e das mensagens eletrônicas; mas foram a sua fé, esperança e caridade que impressionaram os contemporâneos que o ouviram pregar e tiveram a sorte de passar algum tempo com ele, de o ver durante uma assembleia ou numa conversa pessoal.” Papa Francisco, Mensagem para o LV Dia Mundial das Comunicações Sociais.