O silêncio sempre esteve presente na vida espiritual dos cristãos.
Desde os Padres do Deserto, que se afastaram do mundo em busca de uma comunhão mais perfeita com Deus, até os monges Cartuxos, famosos por permanecerem num estado de estrito silêncio, tem-se a certeza de que o barulho e o ruído são elementos que nos afastam da presença de Deus.
Na Imitação de Cristo, lê-se que “no silêncio e no recolhimento progride a alma devota, e aprende os segredos das Escrituras”.
São Josemaria Escrivá dizia que “O silêncio é como o porteiro da vida interior”.
São Maximiliano Maria Kolbe completa: “O silêncio é necessário, absolutamente necessário, na verdade. Onde não há silêncio, falta a graça de Deus.”
Quando olhamos para as novas mídias digitais, as redes sociais ou os aplicativos de vídeo e streamings, não é difícil de constatar que são serviços fundados no barulho.
Mas o ruído que sai dessas pequeninas telas não é somente sonoro, auditivo.
Vivemos numa época de barulho virtual, de informações desconectadas da realidade, de fatos triviais ou de acontecimentos que logo são esquecidos.
A alma que se deixa conduzir pelas redes sociais permanece num constante estado de agitação emocional. Sua paciência torna-se mais curta, as discussões — muitas vezes com estranhos nos comentários da internet — mais acaloradas e Deus permanece em último plano.
Mas há ainda outro ponto a ser comentado:
O barulho de hoje causa dependência.
Manter-se calmo e em silêncio é uma habilidade que aos poucos está se perdendo em nossa sociedade.
Se nos afastamos um minuto que seja de nosso celular, logo somos tentados a conferir se não apareceu nenhuma nova mensagem ou notificação.
Se procuramos relaxar, não é raro que coloquemos alguma música ou trilha sonora de fundo que nos ajude a acalmar nossos pensamentos.
O barulho está presente até mesmo na hora de dormir, sendo inclusive requisitado como uma espécie de calmante, nos chamados vídeos ASMR — sigla em inglês para Autonomous Sensory Meridian Response.
Estamos tão dependentes do barulho que precisamos dele até mesmo para dormir.
Em seu livro “A Força do Silêncio: Contra a Ditadura do Barulho”, o Cardeal Robert Sarah diz:
“Sem barulho, o homem moderno cai numa insistente e enfadonha inquietação.
Ele está acostumado com um permanente barulho de fundo, que o adoece e, ao mesmo tempo, o conforta.
Sem barulho, o homem assume um estado febril, perdido.
O barulho lhe dá segurança, como uma droga da qual ficou dependente.
Com sua aparência festiva, o barulho é como um turbilhão que lhe faz evitar o contato consigo mesmo.
A agitação se transforma num tranquilizante, um sedativo, uma dose de morfina, uma espécie de devaneio, um mundo dos sonhos sem coerência.
Mas o barulho é um medicamento perigoso e enganador, é uma mentira diabólica que ajuda o homem a evitar o confronto com o seu vazio interior.
O despertar será necessariamente brutal.”
Um dos grandes desafios que temos, como Igreja, é também romper essa barreira do barulho.
Como fazer a nossa mensagem chegar àqueles que nem conseguem mais nos ouvir?
Penetrar essa barreira é absolutamente indispensável.
Só assim a Palavra de Deus poderá penetrar verdadeiramente no coração de cada um dos fiéis.
No 8º Seminário de Comunicação Social, você vai descobrir como romper essas barreiras entre o virtual e o real e a evangelizar em meio aos novos hábitos que surgiram com a Internet.
Nosso tema é:
Cultura Espelhada: Novos Hábitos e Padrões de Comportamento Provocados pela Internet.
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